Porque a vida merece ser "degustada"
Vergílio Ferreira, Évora e...o mistério da vida
A “Aparição”, o romance de Vergílio Ferreira, publicado em 1959 e cuja história se desenrola em Évora, serviu de base para um novo roteiro que vai poder ser percorrido por turistas e estudantes. O espectro desumano da II.ª Guerra Mundial ainda estava presente em 1959, o homem estava completamente só, sem céu, nem inferno, nem eternidade após a morte, mas em busca de sentido para a vida. Vergílio Ferreira torna-se então intérprete dessa interrogação existencial, subjetiva sobre a realidade e transporta-a para a “Aparição”.
O roteiro turístico e pedagógico está em preparação e deverá ficar pronto ainda durante o mês de março/16, para ser distribuído nas escolas, no Posto de Turismo e nas unidades hoteleiras. É um folheto ou guia que descreve os sítios da cidade que foram vividos pelo próprio Vergílio Ferreira, enquanto residiu na cidade, e pelos personagens de "Aparição": o atual edifício central do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora, onde antigamente funcionava o Liceu Nacional de Évora, em que Vergílio Ferreira, depois de chegar à cidade em 1945, foi professor, até 1959; a casa onde o escritor viveu; o Alto de S. Bento; o Templo Romano; o Café Arcada; os largos da Porta de Moura e Luís de Camões, são alguns dos pontos de paragem do roteiro.
"O que pretendi em Aparição foi a necessidade, para uma realização total do homem, de ele se redescobrir a si próprio, não nos limites de uma estreita individualização, mas no da sua condição humana." Vergílio Ferreira
"Não escrevo para ninguém, talvez, talvez: e escreverei sequer para mim? O que me arrasta ao longo destas noites, que, tal como esse outrora de que falo, se aquietam já em deserto, o que me excita a escrever é o desejo de me esclarecer na posse disto que conto, o desejo de perseguir o alarme que me violentou e ver-me através dele e vê-lo de novo em mim, revelá-lo na própria posse, que é recuperá-lo pela evidência da arte. Escrevo para ser, escrevo para segurar nas minhas mãos inábeis o que fulgurou e morreu."
Vergílio Ferreira em Aparição
Sugestão? Ir a Évora, fazer o roteiro e ler in loco a "Aparição".