Porque a vida merece ser "degustada"


Simplesmente...Vinho...e Perdidos de Amor

Amor de Perdição...lembram-se do Romance e trágica história de Teresa de Albuquerque e de Simão Botelho que o nosso Camilo Castelo Branco imortalizou? Pois bem, a história teve por base o Convento de Monchique, no Porto, à beira do Rio Douro.

Foi da janela do Convento que Teresa acenou pela última vez ao seu amor, Simão, que seguia para a morte num barco ao longo do Douro.

 

Mas, agora o Convento brindou a momentos felizes, num encontro que decorreu no fim de semana passado, dedicado aos aromas e sabores portugueses. Vinhos, petiscos, arte, música foram o mote para a 4ª edição do evento Simplesmente...Vinho 2016. Este é um salão off, manifestação de nicho, independente e alternativa, que reúniu no Convento de Monchique, produtores, unidos simplesmente… pelo Vinho. Vinho que respeita a terra e os terroirs, as vinhas e as uvas, as pessoas e as tradições. Vinho que simplesmente… quis ser vinho, bebido, apreciado, partilhado. Vinhos diferentes e com uma dose saudável de loucura e poesia.

 

E quem participou neste evento repleto de história e de poesia? Os vinhos do Minho, Trás-os-Montes, do Douro, da Bairrada, do Dão, de Lisboa e Colares, do Alentejo, da Madeira e dos Açores. Enfim, os Vinhos de Portugal de lés-a-lés. 

 

Minho: Fernando Paiva - Quinta da Palmirinha | Vasco Croft - Aphros | Pablo Ruibal - Edmun do Val | André Amaral - Quinta da Torre Miguel Queimado - MQ Vinhos.

 

Trás-os-Montes: Luísa Sarmento - Palmeirim d'Inglaterra | Amílcar Salgado - Quinta de Arcossó | Tiago Martins Ribeiro - Quinta Valle Madruga.

 

Douro: Álvaro e João Roseira - Quinta do Infantado | Joaquim Almeida - Quinta Vale de Pios | Rita Marques - Conceito | Tiago Sampaio - Olho no Pé | Pedro Garcias - Mapa | João Menéres - Quinta do Romeu | Duarte Calém - Quinta do Sagrado | Luis Soares Duarte - Bago de Touriga | Jorge Coutinho - Alta Pontuação | Susana Hespanhol - Quinta do Zimbro | Pedro Lencart - Quinta dos Lagares | Joana Pinhão - Somnium | Miguel Abrantes - Valle do Nídeo.

 

Bairrada: Dirk Niepoort - Quinta de Baixo | Filipa Pato - Filipa Pato | Luís Pato - Luís Pato | Mário Sérgio Nuno - Quinta das Bágeiras | François Chasans - Quinta da Vacariça | José Carvalheira - Carvalheira Wine.

 

Dão: Álvaro e Maria Castro - Quinta da Pellada | António Madeira - António Madeira | João Tavares de Pina - Terras de Tavares | Carlos Ruivo - Lagar de Darei | Sara & António Lopes Ribeiro - Casa de Mouraz | Diogo Santos - Olho Gordo | Nuno do Ó Druida.

 

Lisboa e Colares: Marta Soares - Casal Figueira | Pedro Marques - Vale da Capucha | Rodrigo Filipe - Humus | Luis Mota Veiga - Casal Santa Maria.

 

Alentejo: Miguel Louro - Quinta do Mouro | Vitor Claro - Dominó | Jorge Rosa Santos - Explicit | António Antunes - Herdade do Arrepiado Velho | Fernanda Rodrigues Herdade dos Outeiros Altos.

 

Madeira e Açores: Filipe Santos - Primeira Paixão | António Maçanita - Azores Wine Company.

 

 

"– Onde é Monchique? – perguntou Simão a Mariana. – É acolá, senhor Simão – respondeu, indicando-lhe o mosteiro, que se debruça sobre a margem do Douro, em Miragaia. Cruzou os braços Simão, e viu através do gradeamento do mirante um vulto. Era Teresa. Na véspera recebera ela o adeus de Simão, e respondera enviando-lhe a trança dos seus cabelos." "... Ao abrir da manhã, Teresa leu uma a uma as cartas de Simão Botelho. As que tinham sido escritas nas margens do Mondego enterneciam-na a copiosas lágrimas. Eram hinos à felicidade prevista: eram tudo que mais formoso pode dar o coração humano, quando a poesia da paixão dá cor ao pensamento, e uma formosa e inspirativa natureza lhe empresta os seus esmaltes. Então lhe acudiam vivas reminiscências daqueles dias: a sua alegria doida, as suas doces tristezas, esperanças a desvanecerem saudades, os mudos colóquios com a irmã querida de Simão, o céu aromático que se lhe alargava à aspiração sôfrega de vagos desejos, tudo, enfim, que lembra a desgraçados. Emaçou depois as cartas, e cintou-as com fitas de seda desenlaçadas de raminhos de flores murchas, que Simão, dois anos antes, lhe atirara da sua janela ao quarto dela. Às nove horas da manhã pediu a Constança que a acompanhasse ao mirante, e, sentando-se em ânsias mortais, nunca mais desfitou os olhos da nau, que já estava de verga alta, esperando a leva dos degredados. Ouviu-se a voz de levar âncora e largar amarras. Simão encostou-se à amurada da nau, com os olhos fitos no mirante. Viu agitar-se um lenço, e ele respondeu com o seu àquele aceno. Desceu a nau ao mar, e passou fronteira ao convento. Distintamente Simão viu um rosto e uns braços suspensos das reixas de ferro; mas não era Teresa aquele rosto: seria antes um cadáver que subiu da clausura ao mirante..."