
Porque a vida merece ser "degustada"
Janeiras...o cantar da tradição

Aí vêm as Janeiras, tradição que em Portugal consiste em cantar músicas pelas ruas por grupos de pessoas (amigos ou vizinhos) anunciando o nascimento de Jesus e desejando um feliz ano novo. Com ou sem instrumentos musicais ( pandeireta, bombo, flauta, viola, etc.), lá vão eles cantar de porta em porta pela vizinhança.
As Janeiras ocorrem em Janeiro, começando no dia 1 e estendendo-se até dia 6, Dia de Reis.
Terminada a canção numa casa, espera-se que os donos tragam as janeiras (castanhas, nozes, maçãs, chouriço, morcela, etc) e o repasto é dividido, comendo todos juntos aquilo que receberam.
As músicas utilizadas, são por norma já conhecidas, embora a letra seja diferente em cada terra. São músicas simples, habitualmente à volta de quadras simples que louvam o Menino Jesus, Nossa Senhora, São José e os moradores que contribuíram. Nos últimos anos, celebrizou-se uma música de Zeca Afonso (letra abaixo), intitulada «Natal dos Simples» que, como começa com a frase 'vamos cantar as janeiras...' é entendida por alguns como se fosse música de Janeiras, embora não seja uma canção de folclore.
Hoje é também muito comum os Jardins de Infância levarem as crianças pelas ruas para cantarolarem as Janeiras.
Uma tradição a cultivar.
Então cantemos...
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura