Porque a vida merece ser "degustada"


Carnaval que é Carnaval...tem de ser o mais Português de Portugal

 

E vem aí a grande folia. O Carnaval vem mais cedo este ano. Mais uma vez, de Norte a Sul do país e nas Ilhas, queremos que seja vivido EM GRANDE e, se possível, vivido com muitos "Zés Povinhos", com muitos Cabeçudos, com Reis e Rainhas, Ministros, com muitos trajes saloios à boa moda portuguesa, com carros alegóricos que reproduzam as habituais críticas satíricas à sociedade, à política, ao desporto, com piadas que nos façam rir e com muitas Matrafonas (homens vestidos de mulheres, representando a inversão da ordem social e a quebra do interdito). Nesses dias vale tudo mas vale o que é genuinamente Português. E se falamos em Carnaval tipicamente Português, o mais Português de Portugal é o de Torres Vedras (sempre respeitou as suas origens e nunca copiou tradições de outros países). 

A festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra "Carnaval" está, desse modo, relacionada com a ideia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressão "carnis valles", que, acabou por formar a palavra "Carnaval", sendo que "carnis" em latim significa carne e "valles" significa prazeres.

Sobre a origem da palavra, não há unanimidade entre os estudiosos. Há quem defenda que a palavra Carnaval deriva de carne vale (adeus carne!) ou de carne levamen (supressão da carne). Esta interpretação da origem etimológica da palavra leva-nos, indubitavelmente, para o início do período da Quaresma, uma pausa de 40 dias nos excessos cometidos durante o ano, excessos esses que incluem, segundo a religião católica, a alimentação. Assim, a Quaresma era, na sua origem, não apenas um período de reflexão espiritual como também uma época de privação de certos alimentos como a carne. 

Tratava-se de uma festa popular resultante de comportamentos espontâneos onde se lançavam pelas ruas baldes de água, ovos, laranjas, farelos entre outros produtos.No século XVI, atesta-se também a utilização do termo Carnaval, evocando as festas romanas então recuperadas pelo Cristianismo, que começavam no dia de Reis (Epifania) e terminavam na quarta-feira de cinzas, vésperas da Quaresma. 

 A República domesticaria estes costumes espontâneos numa festa de rua organizada, dado o seu caráter profano. Assim se entende a popularidade do primeiro grande Carnaval de rua organizado em Torres Vedras, pela mão dos republicanos, que substituíram a procissão das cinzas pelo enterro do Entrudo, logo em 1912. Emergia uma nova festa cívica. Como muitas outras, o carnaval afirmou-se, na primeira República, como uma festa de substituição, também ela de cariz republicano, democrática, substituindo, em parte, uma festa religiosa, pelo que não tardaria que, a partir de 1923, o carnaval passasse a ser uma cerimónia de rua, com organização continuada.

Foi em 1923 que se iniciou em Torres Vedras, a tradição  de se fazer a receção ao Rei do Carnaval, "chegando no comboio, após o que percorría as ruas da Vila, integrado num cortejo".

A Rainha surgiu pela primeira vez no Carnaval de 1924, ano em que se atingiu uma animação de rua nunca antes vista.

A persistência do modelo dos "Reis do Carnaval" de Torres é surpreendente pela sua composição (sempre dois homens, por razões que a tradição social explica), pela pose sarcasticamente grandiloquente, pelos adereços desconcertantes ou pela sua afirmação como referência a foliões.

Escolham o vosso traje e máscara, levantem os pés do chão e BOM CARNAVAL!