
Porque a vida merece ser "degustada"
Óbidos...vai ser vila literária


Óbidos vai receber o 1º Festival Literário Internacional, entre 15 e 25 de Outubro/15. Entre sessões literárias, espetáculos, conferências e exposições, Óbidos vai representar a cultura nacional e estrangeira. Vai poder ver o filme "Vale Abraão" de Manoel de Oliveira na Capela de S. Martinho, ver a mascote do Festival (Elefante Salomão de José Saramago) e o Diogo Infante a interpretar a Ode Marítima de Álvaro de Campos-Heterónimo de Fernando Pessoa, ao som da guitarra tocada por João Gil.
Enfim, vai ser mágico. No site https://www.foliofestival.com/ poderá aceder a toda a informação.

Ode Marítima
Sozinho, no cais deserto, a esta manhã de Verão,
Olho pro lado da barra, olho pro Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos de trás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh'alma está com o que vejo menos,
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Olho pro lado da barra, olho pro Indefinido,
Olho e contenta-me ver,
Pequeno, negro e claro, um paquete entrando.
Vem muito longe, nítido, clássico à sua maneira.
Deixa no ar distante atrás de si a orla vã do seu fumo.
Vem entrando, e a manhã entra com ele, e no rio,
Aqui, acolá, acorda a vida marítima,
Erguem-se velas, avançam rebocadores,
Surgem barcos pequenos de trás dos navios que estão no porto.
Há uma vaga brisa.
Mas a minh'alma está com o que vejo menos,
Com o paquete que entra,
Porque ele está com a Distância, com a Manhã,
Com o sentido marítimo desta Hora,
Com a doçura dolorosa que sobe em mim como uma náusea,
Como um começar a enjoar, mas no espírito.
Álvaro de Campos - Het. Fernando Pessoa