Porque a vida merece ser "degustada"


Pour ma Sophie...

27-01-2019 10:02

Sophia de Mello Breyner Andresen foi uma das mais importantes poetisas portuguesas do século XX e a primeira mulher portuguesa a receber o Prémio Camões em 1999, o mais importante galardão literário da língua portuguesa. O seu corpo está no Panteão nacional desde 2014 e tem uma biblioteca com o seu nome em Loulé.

Sophia era filha de Maria Amélia de Mello Breyner (filha de Tomás Breyner, conde de Mafra, médico e amigo do rei D. Carlos) e de João Henrique Andresen (filho de um dinamarquês Jan Andresen, que um dia desembarcou no Porto e ali ficou a morar). O pai de Sophia, João Henrique, em 1895, comprou a Quinta do Campo Alegre, hoje Jardim Botânico do Porto, onde Sophia passou a infância e adolescência, retirando daí a sua grande inspiração. 

Sophia foi mãe de cinco filhos, entre eles o conhecido jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares e foram estes que a motivaram a escrever contos infantis. Agora, em 2019, o seu neto Martim Sousa Tavares,  curador da exposição Pour ma Sofie, convida até 22 de Fevereiro, à descoberta do mundo de Sophia, a partir de mais de 300 livros da sua biblioteca pessoal (dividida por dois locais - Lagos e Lisboa). Isto porque se comemora agora o centenário da grande poetisa. A exposição decorre no Jardim Botânico do Porto, que foi precisamente o lugar de inspiração de muitos dos contos e poemas de Sophia.

Esta exposição revela um conjunto de livros com dedicatórias de vários autores (Saramago, Teixeira de Pascoaes, Torga, Drummond de Andrade), bem como manuscritos inéditos, cartas, anotações, postais, recortes e traduções. É como se fosse um livro aberto sobre a personalidade de Sophia.

Espontânea, impulsiva e distraída, Sophia aproveitava os espaços em branco dos livros oferecidos – alguns de considerável valor, como um exemplar único de Teixeira de Pascoaes – para dar largas aos seus poemas. “Há uma urgência tal na poesia de Sophia que agarra naquilo que está mais à mão para escrever”, sublinha o neto. 

Compreende-se. Sempre que estamos absorvidos/as de uma forma criativa, o fogo do engenho é tal, que temos vontade de dar forma ao mundo. Assim foi com Sophia e assim é com todas as pessoas que criam. Num simples espaço em branco cabe uma criação que ao não ser registada, se poderá perder num momento fugaz.

"A criatividade não é a descoberta de algo, mas fazer algo de uma coisa quando a descobrimos."

 James Lowell

 

 

 

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