Porque a vida merece ser "degustada"
Ourique, o rei-guerreiro e a independência de Portugal
08-08-2017 22:00
A caminho do Algarve, fiz questão de parar hoje no miradouro de Ourique. O tempo quente convidava a procurar o lugar mais alto para sentirmos a brisa ligeira, observarmos o horizonte e conhecer um pouco da nossa história. Foi uma boa decisão. O miradouro tem um jardim bastante bonito, sombras, uma vista panorâmica fantástica e fala-nos da bravura do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, o rei-guerreiro que venceu os mouros na dura Batalha de Ourique.
A fundação de Ourique é tradicionalmente datada de 711, ano da entrada dos muçulmanos na Península Ibérica. Contudo, vários factores apontam para uma existência mais recuada. São conhecidos diversos assentamentos populacionais, desde os tempos pré-históricos, locais documentados por diversas campanhas arqueológicas. Desde o Paleolítico, Calcolítico, Idade do Ferro e do Bronze, às presenças proto-históricas, romanas, celtas, árabes, um grande número de povos se cruzaram nestas terras.
Quanto à origem do topónimo de Ourique, esta poderá basear-se em Orik (da palavra árabe para desgraça ou infortúnio, no seguimento da derrota mourisca na Batalha de Ourique).
Dever-se-á também aos muçulmanos a edificação do Castelo de Ourique, estrutura militar lendária e que ainda hoje preenche memórias. Este Castelo terá, com toda a probabilidade, alternado várias vezes entre o Crescente e a Cruz, consoante a sorte de armas. Nos tempos da reconquista teria um papel essencialmente de atalaia defensiva.
A importância geográfica e estratégica de Ourique e do seu território, ou termo, é reconhecida ao longo dos séculos, pelo que sempre desempenhou ao Sul um importante papel militar e comercial, ao estabelecer ligação com o vale do Sado e com a serra algarvia. Desta forma, constituiu-se como uma das componentes centrais na conquista do território aos muçulmanos, tendo sido testemunha da célebre Batalha de Ourique.
A Batalha de Ourique, ocorrida nos Campos de Ourique a 25 de Julho de 1139, foi decisiva para a Independência de Portugal. Lideradas por Afonso Henriques, as tropas cristãs venceram os muçulmanos com grandes dificuldades.
Segundo a lenda, e antes da refrega, Cristo terá aparecido a Afonso Henriques, garantindo-lhe a vitória, confiando nas motivações religiosas que moviam o nosso Príncipe. Desta forma, a Batalha que se seguiria estava, de certa forma, protegida pelo poder divino. A vitória em toda a linha contra os “cinco reis mouros”, permitiu que em seguida e em pleno campo da peleja, Afonso Henriques fosse aclamado pelo seu exército como Rei de Portugal.
As Armas da Vila de Ourique evocam este passado glorioso: num campo de sangue, um guerreiro (representando El-Rei D. Afonso Henriques), vestido de ferro, com o braço direito levantado empunhando uma espada, monta um cavalo, sobre terra firme.
Afonso Henriques, o Grande Conquistador e...um homem de pátria.
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