Porque a vida merece ser "degustada"


Conflitos em contexto escolar...como reverter?

15-01-2019 23:03

Vai levar tempo a sanar uma problemática que tende a acentuar-se cada vez mais. Se, quando vamos buscar os nossos filhos e filhas à escola, nos colocarmos a observar por 5 a 10 mn as crianças e jovens, é comum ouvirmos e/ou vermos qualquer coisa que nos desagrada. Vê-se a olho nu e para bom entendedor ou boa entendedora, meia palavra basta. E, mais grave ainda, se assim o é fora das quatro paredes da sala, também o é nas próprias salas de aula. Muito se tem debatido, muito se debate ainda e vai-se continuar a debater sobre estratégias de atuação mas parece-me, no entanto, que existe aqui um problema de fundo: se uma criança ou jovem tem um comportamento disruptivo não se pode desresponsabilizá-la/o, como também não se pode desresponsabilizar os pais, as mães, os professores e professoras. Existe um trabalho de conjunto que DEVE ser feito.

É mania corrente que se atirem culpas a uns e a outros quando, a responsabilidade por uma má conduta é, em primeira instância da criança e do jovem, que tem CONSCIÊNCIA do que fez. Só pelos simples facto de não gostar da escola, de uma disciplina ou de não lhe interessar aprender, não lhe dá o direito de desrespeitar quem quer que seja (colegas que querem aprender e que se destabilizam e o professor ou professora que está a tentar passar o conhecimento). A falta de interesse não serve de DESCULPA para atitudes que refletem a falta de valores e a ausência de regras de boa educação.

Na minha opinião, talvez a COMUNICAÇÃO ajudasse. Começando por se abordar em tempo oportuno a criança ou jovem que manifestou a tal conduta e perguntar-lhe  - responsabilizando-o - sobre a razão que a/o levou à atitude disruptiva. Foi só porque sim ou é algo mais problemático que se venha a detetar (falta de estrutura familiar ou tecido social frágil)? Caberá ao professor ou professora, juntamente com a direção de turma descobri-lo. Depois disto e no máximo no dia seguinte, registar o acontecimento por escrito e convocar os encarregados de educação para exposição da situação e a identificação de soluções em conjunto. Depois, e em último lugar, o professor ou professora lesado/a, proceder a uma auto-reflexão  sobre o assunto e verificar a sua capacidade de dar a volta à questão, mudando de práticas pedagógicas, e aqui sugeriria a troca de experiências com outros colegas professores que tenham tido situações idênticas. Da partilha se aprende e muito. Somos mestres uns dos outros.

Resumindo, que não se desresponsabilize nem a criança ou jovem, nem os pais e as mães que muitas das vezes se demitem do papel de reguladores dos comportamentos dos filhos e filhas e que, de uma forma indireta, acabam por validar este tipo de comportamentos disruptivos, menosprezando a sua relevância. Por último, tão pouco se deve desresponsabilizar os/as docentes que testemunharam a situação e que devem ter uma intervenção ativa quanto ao encontrar de soluções de continuidade, para que não fique comprometida a aprendizagem de toda uma turma.

Todos têm uma imensa responsabilidade social.

Que cidadãos e cidadãs queremos ser e ter? Que bom seria que a foto acima não fosse uma utopia.

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