Porque a vida merece ser "degustada"
Audiências ou conteúdos com essência?
09-01-2019 23:44Bem, não era para falar disto mas aqui vai - por já não ter pachorra para as notícias cansativas sobre a guerra de audiências entre o Goucha, a Cristina Ferreira e outros/as que tais. No meio disto tudo, onde fica o nosso bom senso de sentido crítico? Onde fica a nossa capacidade, não de seguir o programa de quem quer que seja, mas de avaliar o valor que nos acrescenta cada programa? Claro que cada pessoa tem gostos pessoais diversos mas mesmo assim, perguntem-se por favor: "Este programa televisivo faz-me sentir melhor ou pior? Dá-me informações relevantes, importantes para a minha vida ou nem por isso? Que conteúdos são comentados? Ao ver este programa, sentir-me-ei um pouco mais culto ou culta ou serve apenas para me distrair?" É que todas estas guerras de audiência só acontecem porque somos pouco exigentes na hora de escolher um canal televisivo. Deviamos ter senso de sentido crítico e não temos. Deveriamos ser nós, telespetadores, a mostrar que certos programas não nos interessam MESMO, e que os nossos interesses vão para além do mediatismo e das banalidades. O tempo - pelo menos falo por mim - é cada vez mais diminuto para as coisas REALMENTE importantes, pelo que não faz qualquer sentido, no pouco tempo que tenho, estar a ver coisas que nenhum "valor" real me trazem e com as quais não me identifico de todo. E, mesmo que tenham esse tempo, considero que talvez seja bem mais interessante optarem, por exemplo, pela leitura, por um canal de culinária, por um documentário ou por outro programa que vá para além de abordar vidas alheias em praça pública, encontros amorosos, farsas, etc, etc, etc. É que quanto maior for a audiência deste tipo de programas, menor será a qualidade do que vão fazendo em televisão, na medida em que o que importa é fazer subir as audiências e quanto maior a polémica que se construir melhor pois o público é disso que mostra que gosta. A responsabilidade é, portanto, nossa. Será o nosso senso crítico a não aceitar a imposição de qualquer "coisa" em televisão.
Ah, e deixemos de fora desta trama, o nosso Presidente da República porque ele já veio esclarecer que, por uma questão de equilíbrio, marcou a sua intervenção nos três canais televisivos. A questão não é com ele, é connosco, reside em avaliarmos o que nos "serve" e interessa e o que não passa de trivialidades, banalidades e mediatismos.
Como disse um dia o nosso Eça de Queiroz "O meu espírito crítico é grosso, só apanha as coisas de enorme relevo."
Queremos ou não conteúdos relevantes, conteúdos com essência? Sejamos exigentes. Queiramos mais.
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