Porque a vida merece ser "degustada"


A Serra, a Estrela, a paz, a natureza...

24-03-2016 11:49

E lá fui eu à nossa querida e linda Serra da Estrela e tal como Camões no Poema abaixo "perdi-me por ela". A Serra envolve-nos com magia e bem estar e é mesmo como uma "estrela" que nos guia para um estado de paz e plenitude. Saí "oxigenada", com a alma "limpa" e o coração "cheio" de natureza.

A associação desta serra a uma estrela pode remontar à pré-história. Investigações arqueológicas permitiram reconstruir uma imagem da vida no quinto milénio a.C, quando pequenas comunidades sobreviviam à base da caça e da recoleção, da recolha de bolota e de outros frutos, e da pastorícia migratória. Estes "pastores" passariam os meses quentes nos pastos altos da Serra da Estrela, e o inverno nas cotas menos elevadas dos vales dos rios. 

A estrela Aldebaran, a mais brilhante da constelação do Touro, nasceria sobre a Serra. O seu nascer, na alvorada, aconteceria em finais de Abril/inícios de Maio e este evento poderia ter sido usado para marcar a transição para climas mais quentes e, portanto, para os pastos da Serra da Estrela. 

Esta narrativa proveniente dos registos arqueológicos encontra-se no entanto bastante próxima das lendas e mitos que explicam o nome da serra.

"Não teve esta serra, no meio da altura, mais que a fermosura que nela se encerra."

CANTIGA ALHEIA

Pastora da serra,
da serra da Estrela,
perco-me por ela.

VOLTA

Nos seus olhos belos
tanto Amor se atreve
que abrasa entre a neve
quantos ousam vê-los.
Não solta os cabelos
Aurora mais bela:
perco-me por ela.

Não teve esta serra,
no meio da altura,
mais que a fermosura
que nela se encerra.
Bem céu fica a terra
que tem tal estrela:
perco-me por ela.

Sendo entre pastores
causa de mil males,
não se ouvem nos vales
senão seus louvores.
Eu só por amores
não sei falar nela:
sei morrer por ela.

De alguns que, sentindo,
seu mal vão mostrando,
se ri, não cuidando
que inda paga, rindo.
Eu, triste, encobrindo
só meus males dela,
perco-me por ela.

Se flores deseja,
(por ventura delas)
das que colhe, belas,
mil morrem de enveja.
Não há quem não veja
todo o milhor nela:
perco-me por ela.

Se na água corrente
seus olhos inclina,
faz luz cristalina
parar a corrente.
Tal se vê que sente
por ver-se água nela:
perco-me por ela.

Luís de Camões

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