Porque a vida merece ser "degustada"


Viver a folia...

03-03-2019 23:24

Este domingo gordo pelos lados de Torres Vedras foi, em mais um ano e de forma crescente, algo que só se consegue descrever estando lá. Cresci, acompanhando sempre este Carnaval e fico arrepiada pelo crescimento estonteante. Se este Carnaval sempre foi "casa cheia" nos dias dos Corsos Diurnos (domingo e terça-feira), as noites carnavalescas não existiam e aos poucos, com a abertura de um ou dois bares, podemos dizer que o Carnaval de Torres Vedras passou a ser de 24h sobre 24h. Os dias encostam às noites e estas encostam-se aos dias. Pelo meio, muita folia, uma saudável folia, onde a imagem de marca é o sorriso nos rostos e o brilhos nos olhares, apesar de bem cansados. As matrafonas aguentam os saltos e por lá andam como se o Carnaval fosse um antídoto contra todas as dores - e acredito que o é. 

Deixemos então o povo ser feliz. Este Carnaval contagia, o povo é um só, todas as gerações se misturam, todas as pessoas, mascaradas ou não, ali vão e todos se conhecem. Se lá estiveres, é bem natural que alguém se meta contigo, te faça uma entrevista com uma batata na mão ou com holofote, que te queira tirar uma selfie, que uma matrafona se queixe da vida ou te mostre algo inusitado, que um mascarado ou mascarada te conte uma anedota. E o que fazemos? Entramos na conversa, damos a resposta que eles esperam ouvir, entramos na brincadeira, porque afinal "é carnaval e ninguém leva a mal". 

Hoje à tarde, a saloia - eu - saiu de novo à rua e apreciou mais uma vez os grupos. Por lá passou a Vigilância à Portuguesa, situada na Travessa das Alcoviteiras, onde não faltaram as várias janelas tipicamente portuguesas, cada uma diferente da outra, e cuja dona ou tinha binóculos, ou estendia cuecas, ou fazia tricot. Este grupo foi um dos vencedores deste Carnaval de 2019. Ganhou o prémio da Real Confraria. Depois, os Cúzidinho à Portuguesa deslumbraram mais uma vez, ora parando e tampando a tampa da panela, ora saltando, saindo de lá de dentro a couve portuguesa e os restantes legumes. Este foi o grupo que arrecadou o primeiro lugar do prémio Grupos e o primeiro lugar do prémio Público.

Já a tarde se fazia noite quando a saloia provou o Licor do Caraças. Tão bom! Tenho de lá ir outra vez. Espetacular!

Assim é e sempre foi, no Carnaval mais português de Portugal. O de Torres Vedras! O que deixa saudades e que tanto faz suspirar durante um ano.

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