Há 30 anos, o mundo ligava-se...

Há 30 anos surgia a Internet e, apesar de o mundo ter ficado ligado, criou-se uma divisão entre os modos de vida das pessoas pré-web e pós-web. Tinha 20 anos, estava a meio da licenciatura e portanto a minha infância e adolescência deixaria, a partir daquele momento, de se identificar com as vivências dos/das nascidos/as na era pós-web. Os computadores, aquelas máquinas pesadas, invadiram os espaços de trabalho e os lares, o acesso à informação seduzia e o lado facilitador da informática foi-nos lançando para o abismo do stress. Podiamos fazer mais e mais em menos tempo. Os computadores ajudavam. 

Os meus filhos nasceriam na era pós-web e o computador era algo familiar que existia em casa como se se tratasse de mais uma peça de mobiliário, só que mais interessante, permitia fazer desenhos e escrever com letras diferentes. Hoje, a mais pequena, já no primeiro ciclo, fazia trabalhos no computador. Eu, na faculdade, fiz trabalhos passados na máquina de escrever, só a Tese foi passada a computador e era um problema para aceder a livros que me auxiliassem nos trabalhos. Hoje, o computador é algo banal e não existe informação que um estudante não encontre na net. Hoje, o computador fixo já não é tão pouco, o aparelho preferido dos portugueses para aceder à Internet e pela primeira vez, a proporção de utilizadores de Internet portugueses (75%) é maior que a percentagem de utilizadores de computador (70%). Os aparelhos portáteis, como o smartphone, são os novos eleitos.

São 30 anos de grandes diferenças contudo, existe uma coisa que não acompanhou a evolução dos tempos: a mentalidade. Continua a existir uma enorme falta de bom senso na utilização da net: não se filtra as informações que se lê, "ingere-se" tudo, há "congestões" de espírito negativo, de maledicências, de faltas de respeito, de invasão da privacidade alheia. Em bom português, não se "separa o trigo do joio". E, tudo isso, mostra as enormes fragilidades que existem no nível de formação das pessoas. Na net não vale tudo. Há que usar a net com elevado sentido ético e moral, há que ter regras de boa conduta. Podemos brincar, sim, mas, sem ofender. Podemos ficar mais informados, sim, mas não de tudo, existem assuntos que não nos "acrescentam", existem assuntos que também não interessam à sociedade. Portanto, caríssimos portugueses e portuguesas, reflitam, por favor, sobre as vossas condutas on-line. Queiram ser mais.