Porque a vida merece ser "degustada"


Debaixo dos nossos pés...

27-04-2017 14:08

Decorre até 24 de Setembro/17, no Museu de Lisboa - Torreão Poente da Praça do Comércio - a interessante Exposição sobre os Pavimentos Históricos de Lisboa, nomeadamente sobre as origens da calçada portuguesa. O valor da entrada (3€) é bastante acessível, pelo que recomendo vivamente a ida até lá.

"São muitas as pedras com que se fez Lisboa", pois há 100 milhões de anos geraram-se formações geológicas, com que se construiu Lisboa: liozes (Aqueduto Águas Livres e reconstrução da baixa após o terramoto de 1755), basaltos (pavimentação de ruas), biocalcarenitos amarelados (construção do Teatro Romano, da Cerca Velha e da Sé Catedral) e argilas (produção de cerâmicas).

Um dos mais antigos pavimentos de Lisboa foi encontrado no bairro da Ajuda, datado do 2º milénio a.C., uma irregular superfície lajeada, aplicada no interior de uma habitação. Até à criação da cidade romana, foram ensaiadas vários soluções de pavimento: terra batida e compactada, lareiras, calçadas e lajeados.

Na Exposição também se aborda o Tejo e a sua grande importância. "Pelo Tejo vai-se para o mundo" (Alberto Caeiro-Het. F. Pessoa). "O rio Tejo é sinónimo de Lisboa." A relevância da cidade, a sua capitalidade atlântica deve-se muito ao rio. D. Afonso III escolheu Lisboa para capital do reino de Portugal e D. Manuel I ordenou a edificação do Paço nas areias do rio, onde chegavam as mercadorias do mundo. Após a reconstrução pombalina, devido ao terramoto de 1755, o Terreiro do Paço assumiu ainda maior importância e Lisboa cresceu ao longo das margens do Tejo.

Depois, no séc. XIX, Lisboa passou a utilizar o "macadame", técnica de pavimentação do engenheiro escocês  John MacAdam: uma sobreposição de pedras e brita calcada e compactada.

Quanto à linda calçada portuguesa, foi Eusébio Pinheiro Furtado quem mandou construir, recorrendo a um grupo de presidiários, uma calçada-mosaico em ziguezague que revolucionaria o chão de Lisboa. O sucesso foi tal, que a partir dali, o modelo foi aplicado nas principais ruas e praças de Lisboa, como também nos passeios.No Rossio ensaiou-se o modelo de mar ondulado que seria depois aplicado no Calçadão do Rio de Janeiro. Hoje, a calçada adaptou-se aos tempos e até tem o primeiro código QR em calçada do mundo para smartphones (na Rua Garrett).

Na Exposição, podem-se admirar também alguns moldes originais com que se faziam os desenhos em calçada, como também acompanhar uma interessante visita virtual até Lisboa antiga.

Enfim, até Setembro, vão até lá. Recomendo.

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