Porque a vida merece ser "degustada"


Baleia azul...a ponta de um iceberg

04-05-2017 09:38

Resultado de imagem para falta de literacia emocional

Ficamos indignados/as. Inacreditável - pensamos - que os jovens e as jovens adiram a estas surrealidades. Também pensamos que um bom "puxão de orelhas" é o suficiente ou a solução para estas atitudes. Pois bem, não é NADA disto, o problema é grave, muito grave, é profundo e a responsabilidade é de TODA a comunidade: pais, mães, escolas, professores, câmaras municipais, etc, etc, etc.

A baleia azul é o resultado da indiferença, da NOSSA indiferença face à realidade calamitante em que vivem os nossos jovens, as nossas jovens, a nossa sociedade. A baleia azul não seria NADA se as coisas estivessem bem, não seria NADA noutros tempos mas AGORA, os tempos são outros. Temos de encarar de frente um problema muito sério que vai transparecendo aqui e ali. Hoje é a baleia azul, amanhã será outra coisa qualquer.

Como sabem, em vários posts anteriores, tenho vindo a alertar para os graves desequilíbrios emocionais que de uma forma crescente têm afetado a população mundial. MAS, continuamos a pensar que não nos afeta e a "assobiar para o lado", até...estas notícias nos "baterem" de frente através dos media. E aí, "acordamos para a vida". Mas depois...o que é que acontece? Durante uns dias toda a gente fala e pensa na baleia azul até os media se calarem e lá voltamos todos e todas às nossa rotinas como se nada se tivesse passado. Reconhecem-se nisto?

Eu sou uma mãe, uma mera mãe mas posso e devo fazer uma pequena/grande diferença pois todos e todas somos co-responsáveis pelos nossos filhos e filhas e pela nossa sociedade. TEMOS de nos preocupar.

Neste momento, todos e todas devemos pensar: "O que está ao meu alcance que possa FAZER? Em casa, no meio profissional ou comunitário, que ações e atitudes posso desenvolver? Quais as capacidades que posso utilizar para a melhoria do bem-estar dos jovens, das jovens e da comunidade em geral?"

A erosão da família nuclear tem criado uma vulnerabilidade crescente nos/nas jovens: a duplicação das taxas de divórcio, as separações, a quebra de tempo que os pais e mães tem disponível para os filhos e filhas, o aumento da mobilidade, a indiferença crescente em relação às necessidades dos filhos e filhas enquanto crescem. Tudo isto provoca lesões emocionais precoces, que afetam o desenvolvimento neuronal e que pode levar mais tarde a distúrbios graves. Deixo aqui ficar algumas perguntas muito simples: com que regularidade dizem aos vossos filhos e filhas que os amam? Com que regularidade se interessam em conhecer os seus amigos e amigas? Com que regularidade se interessam pelos assuntos escolares? Com que regularidade vão às reuniões de avaliação, sempre que convocados/as? Com que regularidade conversam com eles sobre determinados assuntos?

Tem-se vindo a assistir  a um individualismo crescente, a um esbatimento da fé, a uma redução do apoio da comunidade e da família alargada, o que significa uma perda de recursos que ajudam a proteger contra desaires e derrotas, pelo que a literacia emocional é HOJE tão importante para a aprendizagem como o ensino da matemática ou da leitura. A ciência do EU educa os afetos, combatendo hábitos nocivos, o insucesso escolar ou a violência. Devem existir programas de prevenção que ensinem um conjunto de competências sociais e emocionais, como o controlo dos impulsos, o domínio da ira e a descoberta de soluções criativas para as situações sociais. As escolas deverão ter a missão de garantir que as crianças e jovens aprendam lições de competência emocional. MAS, não é só: em casa as coisas também têm de mudar...para melhor.

Não se dão notas na ciência do Eu, a própria vida constitui o exame final. A literacia emocional anda a par com a educação de caráter, do desenvolvimento moral e da cidadania.

Da minha parte e nos próximos anos vai ser esse o meu Projeto de Vida, a minha Missão e já foram lançados desafios de intervenção, assim haja VONTADE da parte dos parceiros. Sejamos Agentes de Mudança. Sejamos QEPerformers em casa, no trabalho, na vida. Ensinemos também as nossas crianças e jovens a serem QEPerformers.

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